segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O pacto

Eu não queria ser surpreendida por mais alguém enquanto me enfiava dentro daquelas roupas, olhei ao redor , uma porta ao lado direito só poderia ser o banheiro e eu estava certa quando girei a maçaneta. Um sorriso curvou meus lábios ao me deparar com uma jacuzzi adornada com velas aromáticas exalando um aroma agradável. Alfazema, meu preferido. Toquei a espuma na superfície, sais de banho. Claus...  Sorri ainda mais me permitindo um banho mesmo que rápido, descansei minha cabeça enquanto meu corpo absorvia algo naquela água . Sussurei as palavras em latim ordenando que meu oculto  recuasse e novamente meu corpo foi acometido por milhares de ferrões de Escorpião. As vezes me sentia mais humana dessa forma, meus cabelos tornaram-se vermelho quando Scorpion se alojou em meu peito aprofundado-se em minha pele até não se tornar mais visível, o vermelho sangue de meus lábios foram substituídos por uma cor natural, olhos humanos jamais acompanhariam tal feito, meus olhos assumiram sua cor de origem. Permaneci por vinte minutos naquele local deixando que minha mente vagasse por uma outra época, tentando resgatar algo que pudesse me permitir resolver as questões do presente, ondas de ódio e sede de vingança iam e vinham constantemente e eu sabia que isso era devido ao lado negro do meu signo, estava cada vez mais difícil controlar Scorpion. Definitivamente terei muitas coisas para questionar a Claus , e, teria que ser agora.

                               ***
- Pelos guardiões! Estais resplandecente.-  Sempre formal, Claus jamais deixará de ser um cavalheiro. Olhei ao redor , uma janela ampla exibia as ruas lá embaixo repleta de fiéis, o cômodo não dispunha de muitos objetos, apenas uma mesa com café da tarde, uma lareira, um armário com castiçal -que eu suspeitava esconder artefatos antigos por trás da parede -e três homens que me observavam como se eu fosse quebrar com um simples toque. Tolos!
- Claus...
- Milaide, permita-me. - Claus puxou uma cadeira para que eu pudesse me sentar. Dois pares de olhos acompanhava toda cena, isso era irritante.
- Obrigada.- Antony desviou o olhar quando eu o encarei. - Claus preciso de respostas.
- Creio, que sim. Mas não podeis deixar para um outro momento, senhorita? Deveis se restabelecer por hora.
- Claus meu querido amigo, acreditais que eu tenha tempo a perder?
- Perdoe-me mas ainda não tens forças suficiente para travar mais essa batalha. - Definitivamente eu estava perdendo a paciência, cada segundo perdido era a vida da jovem em perigo.
- Acho que ele está certo. - todos olharam ao mesmo tempo para o homem sentado à minha frente. Seus olhos castanhos esverdeados fitou-me , forcei   um pouco para ver sua alma, ela reluziu um tom prateado. Endireitou os ombros como se tivesse orgulho do que me exibia.
- Quem és esse espécime? Claus ?
- Oh , Milaide perdoe-me. Esse é o tenente Ryan. Um de nossos melhores agentes, está investigando sobre o caso.- Claus cansado da vida monótona havia prestado para o exército suas habilidades eram fora do comum.
- Tenente Ryan... - Novamente estreitei os olhos para avaliar melhor o que eu havia visto. Antony ao ver a expressão de espanto no rosto do Tenente apressou -se a explicar com um tom brincalhão em sua voz.
- Calma soldadinho ela só está verificando sua alma, ela pode ver a podridão se você a esconde. Infelizmente ela é a única que pode ver isso. Se você estiver mentindo ela te pega, se estiver escondendo algo ela te pega e se estiver com qualquer intenção errada ela te mata. Simples assim.

O pobre rapaz deveria estar tremendo em sua cadeira, no entanto, tudo que fez foi fechar o punho tão fortemente que os nós de seus dedos tornaram-se brancos. O que ele não sabia era que além de ter uma alma pura era de uma raça quase extinta. Se os guardiões eram antigos na terra a raça a qual ele pertencia era uma lenda. Não me surpreende o fato de Claus confiar nele, qualquer um confiaria.

- É uma honra estar em sua presença.- Fiz uma pequena reverência, e, até mesmo Claus ficou surpreso com minha atitude, não disse nada, tampouco, me dirigiu um olhar de " explique-se". Ryan retribuiu com um sorriso. Antony do outro lado da mesa olhou-me furioso mas não disse uma palavra.

Domínio

- Os Hakans! Temos que sair daqui, não posso protegê-la neste lugar.

Levantei com agilidade enquanto Antony tentava inutilmente me arrastar, mesmo sem poder usar todos os meus dons eu ainda poderia usar os elementos a meu favor. Levantei uma das mãos me concentrando na água que estava ali perto. Um homem com cara de poucos amigos apontava uma arma em nossa direção, distraída com ele não vi quando outro atirou, certamente foram muito bem treinados . Fui novamente lançada ao chão, algo atingiu meu ombro a dor era quase insuportável, olhei para ver o estrago que a bala havia feito e esperava a cura acelerada mas não havia projétil somente estilhaços de um metal reluzente. Não muito longe de mim, Antony com uma habilidade acima do meu nível desferia golpes em três homens, estava cercado mas isso parecia o divertir. Seu olhar tornou-se sombrio quando encontrou os meus, sussurrou algo e novamente o Viking imponente estava diante de mim, nada mais de pele com bronze caribenho. Diante de mim estava o guardião. Na forma humana em sua essência nossa cura fica um pouco lenta, isso significava que eu teria um pouco mais de trabalho. Enquanto isso bolas de fogo cruzavam o ar chocando-se contra outras. Mas como isso era possível? A batalha nos fez sair do ponto de equilíbrio permitindo que Antony pudesse desempenhar melhor suas habilidades. Uma garota partiu para cima de mim pelas costas entoando um canto desconhecido, senti o sangue gelar em minhas veias como há século não sentia. Como pude ser tão descuidada? Não percebi sua aproximação. A garota de estatura mediana tentou tocar meu peito, no entanto algo aconteceu, dedos longos caíram a minha frente e o sangue que não era meu jorrava sem parar. A garota gritava sem parar enquanto era arremessada por mim chocando-se em um tronco. Senti uma onda de energia muito parecida com a minha vir do meio da mata. Um lobo de olhos azuis iguais ao de Claus surgiu diante de mim emitiu um uivo que me fez estremecer, eu estava ficando fraca. Algo estava sendo drenado de mim.

- Minha senhorita...- Escutei a voz de Claus, então soube o que precisava ser feito.
- Scorpion Liberium umbre.- Disse antes de minha mente se envolver na escuridão e meu corpo foi ao chão. O último som que ouvi foram gritos de horror e membros sendo decepados depois nada mais.

"-...Acha que ela pode acordar?
- No momento não mas se eu não terminar isso ela pode acordar antes mesmo de eu remover a bala. Como você permitiu que isso acontecesse Antony? - eu conhecia essa voz, era Claus e ele não parecia nada feliz.
- Eu tentei impedi-la de morrer. Isso não é o suficiente?
- Talvez para você. Na verdade quem impediu tudo isso foi Scorpion se não fosse o ciúmes que ele sente por ela você jamais estaria aqui.

- O que você quer dizer com isso? Foi por pouco, ele quase arrancou a minha cabeça! - A voz de Antony soou um pouco mais alta.

-Pronto! Retirei a bala, agora o processo de cura irá se iniciar. Os Hakans tem investido muito em conhecimentos para criar armas que podem retardar a cura.
- Poderia responder a minha pergunta?- Antony soara impaciente

-Você acha que Ashy é indefesa, que ela é uma mulherzinha qualquer precisando de um Príncipe para protegê-la!? Mas eu te digo meu jovem você está muito errado, ela vai lutar a cada segundo pela vida dela. Scorpion só o deixou vivo porque viu que você pode protegê-la se algo acontecer, só por precaução... Mas o ciúmes dele é tanto que se libertou antes mesmo dela fazer isso e qualquer um que se atrevesse chegar perto dela teria o mesmo destino que os mais de quinze Hakans tiveram. Scorpion pode ter um lado negro mas é Ashy quem ele quer, ela é a sua princesa, mesmo quando eu a encontrei ele já havia reivindicado para si.- Escutei a porta se abrir e passos firmes se direcionaram a mim- Tenente Ryan que bom vê-lo. Descansar - provavelmente esse tal tenente deveria estar fazendo a saudação militar.

- Bom vê-lo também, Major. Aqui estão os dados que me pediu, o campo já está limpo.- Uma voz firme, porém, jovial. Como seria o seu rosto? Fui interrompida de meus pensamentos quando Antony se pronunciou.
- Se eu fosse você não faria isso. Ela tem um cara bem ciumento que não pensaria duas vezes antes de arrancar sua cabeça.
- Eu só queria tocar-lhe a face, ela é tão linda...

- É por que você ainda não conhece o gênio dela quando está acordada- Foi a vez de Claus falar seguido por uma risada contida. Senti as mãos de Claus girar meu corpo para que eu ficasse de lado- Vejam, Scorpion está fazendo um bom trabalho. Isso garoto! Vejam como as pinças trabalham no ferimento .
- Até parece que um bicho desse pode curar. - A voz do novo homem pronunciou-se e Scorpion parou o que estava fazendo somente para que o seu tamanho fosse aumentado vezes mais.

- Tenha mais respeito Tenente. Ele é o motivo dela estar viva.
- Peço desculpas. Pensei que guardiões não podiam morrer.
- E não podem, não de forma convencional. Nenhum ser humano pode matar um guardião por armas comuns.
- Doença não nos afeta e nem a ação do tempo.- Disse Antony.
Houve um breve silêncio e o novato perguntou:
- Então o que aconteceu com ela?
- Ashy estava vulnerável quando a garota tentou usar magia negra nela junto com o selo, mas foi detida antes de completar o que estava fazendo. Ela foi muito bem treinada.- Claus deu um suspiro ruidoso parecia exausto. - Por isso foi difícil retirar a bala, ao que parece foi feita exclusivamente para ela.
- Como assim?- a voz de Antony soou um pouco mais alta que o normal.
- As sombras que se esconde em Ashy parece querer domina-la. Sei que existe algo de bom nela mas a bala fora projetada com o pedaço de um artefato da oitava casa, a casa de escorpião. Deixe-me explicar melhor, todos os humanos são nascidos sobre um Signo regente mas poucos tem o domínio sobre isso, alguns são recrutados para o que chamamos de exército dos guardiões e outros para ser um guardião. Aqueles que fazem parte do exército são treinados para a defesa dos pergaminhos milenares, são de suma importância, em mãos erradas acontece o que vocês estão vendo aqui. Os guardiões por sua vez são os príncipes e princesas descendentes dos primórdios, a realeza dos signos.

- Por que ela foi descrita como princesa Scorpion? Até onde eu sei você a salvou e transferiu seu poder a ela.
-Como sois ingênuo meu caro! Eu sou o segundo decanato, sou tão negro quanto você. Mas ela me fez ver o mundo diferente- Escutei um objeto ser arrastado e supus ser uma cadeira- Há milênios de anos rumores diziam que um guardiã tão forte poderia afetar os monarcas, exceto se a criança fosse recrutada para as trevas. Uma grande batalha fora travada entre os membros da balança. Parte julgava necessário o extermínio dessa ameaça, no entanto, outra defendia a vida e a profecia. Seria uma guerra entre mundos. Fui designado a acabar com a vida da criança, só não estava preparado para o que eu iria encontrar. Chegando ao vilarejo vi uma menina de olhar profundo, por seu rosto corriam lágrimas. Carregava consigo um animalzinho muito ferido, quando me aproximei perguntando o que ela carregava, a pequena criança caiu de joelhos e disse-me " Eles o machucaram monseur, ele está morrendo..." , toquei sua pequena mão e fui recompensado com uma energia nunca vista. Os olhos que estavam carregados de lágrimas tornaram-se sombrios .
- Afinal, Major o senhor matou a criança?
- A criança ,Tenente Ryan, tornou-se esta mulher e o poder que ela possuía eu o tomei para mim, para protegê-la.
- Mentira!- Antony parecia irritado.
- Se eu a deixasse com o domínio seria o fim para ela! Quando retornei diante da balança disse que eram somente rumores, que a criança não existia. Uma vez que eu possuía o controle do seu poder ela jamais seria encontrada. Ao menos foi o que eu pensei. Mas o destino queria que a profecia se cumprisse. Eu a encontrei a beira da morte durante a peste negra, devolvi seu legado. Algo aconteceu naquele dia, algo que a dividiu. Parte luta para ser boa mas a outra destrói sem piedade.
- Ela ainda pode por fim a tudo?
- Isso somente ela poderá decidir, mas o que vocês viram essa noite é parte do que Scorpion pode fazer para defender Ashy, os dois tornam-se um só quando ela está inconsciente. Chega por hora! Vamos deixa-la se reestabelecer.

Ouvi passos se afastar e o fechar da porta. Então foi Scorpion quem fez toda aquela destruição ?Eu sou a destruição...

Se havia alguma chance de acabar com tudo isso eu tinha que tentar. Forcei meus músculos , pareciam serem feitos de aço, pesavam tanto... Procurei por Scorpion chamando-o em pensamento. Vamos lá garoto, venha! Eu sei que fui mesquinha deixando-o fora da batalha mas preciso de você agora. Por favor Scorpion... Estava começando a desistir, no entanto, fui recompensada por minha insistência. A energia que vinha dele era forte me envolvendo completamente, embalava-me com carinho. Um som agradável era emitido de alguma parte. Quem cantava? Era uma voz sedutora, tentei novamente mexer meus músculos e nada aconteceu.
"- Fiqueis quieta Ashylei, não torneis meu trabalho mais difícil."
Fui surpreendida por uma voz profunda e autoritária , não vinha do lado externo parecia vir de minha mente. O único que possuía esse dom era Claus em sua forma transmutada e Antony quando invadiu minha mente . Uma risada contida fez-se escutar então procurei observa-la.
"-Assim está melhor. Acreditas que o guardião e vosso tutor tens esse poder? Minha doce Ashylei tens tão pouco apreço por mim? Deveras eles podem fazer isso, mas com o nosso consentimento. Deveis lutar contra as trevas que há dentro de  ti. Tens força para isso, senhorita. Lute, agora!"
- Estais a invadir minha mente monsieur. Quem és?
- Enfim podeis responder-me , senhorita. Como não me reconheces se me chamaste?
- Eu não o chamei. Dizei-me vosso nome.
- Como desejais. Me conheceis como Scorpion.
- Scorpion!
- Sim milaide . Me chamaste e aqui estou.
- Não posso vê-lo.
- Concentre-se em mim, milaide. Abra a sua mente. Tens que compreender que sua evolução depende de seu crescimento espiritual- Forcei minha mente naquela escuridão e aos poucos tudo foi ficando claro, não gosto de perder o controle das coisas e estar nessa posição não é nem um pouco confortável. Senti a brisa tocar meu rosto, inspirei o ar puro. Eu jamais vira um lugar como este, assemelha-se a Grécia antiga, os templos sagrados mas com um toque místico. Olhei ao meu redor absorvendo tudo -  Enfim podeis ver-me.
Ergui os olhos até uma escadaria talhada em marfim.
- Scorpion!
- Por que estais tão surpresa milaide?
- Você deveria... deveria...
- Parecer-me um animal? Talvez, em seu mundo.- Deu de ombro como se isso fosse a coisa mais comum. Scorpion não era apenas um homem mas o mais lindo que já vira, até mesmo o Viking sedutor não chega ao seus pés. Certa vez Claus disse-me que herdamos um pouco a beleza de nosso decanato mas nunca imaginei como seria nosso zodíaco. Scorpion sorriu mostrando dentes alvos, seus olhos negros como a noite não desgrudaram dos meus enquanto descia os degraus. Parou diante de mim, tomou minha face entre suas mãos, ele era forte mas não me segurava de forma que pudesse me machucar e era quente... Mas como posso sentir calor se os guardiões não sentem frio ou calor?-  Ashy...

Sua voz saiu como um sussurro rouco ao aproximar seu rosto do meu. Eu deveria estar imaginando coisas. Seria isso mesmo, ser beijada pelo Deus do zodíaco? Eu não podia acreditar.

- Scorpion. Eu...
- Shhhhhh. Há mais de quatrocentos anos espero por isso.
- Mas o veneno pode mata-lo.

Apressei em dizer, não sabia se isso poderia acontecer e como se provasse isso Scorpion sorriu e tocou meus lábios com os seus. O beijo era doce e profundo, intenso como em tudo que éramos. Minhas mãos que pendiam lateralmente ao meu corpo parecia ter vida própria tocando-lhe os cabelos negros e macios um pouco comprido demais, depois os ombros fortes. A exploração não parara por aí eu necessitava de mais, o torax musculoso tão forte quanto. Meus olhos permaneceram fechados mesmo após o beijo ter cessado saboreando meu primeiro beijo, os abri quando Scorpion se pronunciou.
-Vamos, tenho que mostrar-lhe uma coisa.
- Claro.
Caminhamos por cerejeiras e manacas, não muito distante dali um rio margeado por agatas azuis e pedras ônix, eu sabia que essas pedras contiam energia suficiente para nos equilibrar.
-Por aqui.
Chegamos a parte estreita do rio, Scorpion moveu um grande volume de água apenas para resgatar uma pedra rosa claro quase translúcida, eu podia mover a água mas não como ele. Quando o indaguei sobre a pedra de energia diferente ele apenas sorriu dizendo que tudo ao seu tempo. Colocou um cordão negro em torno da pedra oval amarrando-a , fez sinal para que eu me virasse puxou meus cabelos lateralmente depositando um pequeno beijo em meu ombro quando olhei para baixo lá estava a pedra depositada em meu pescoço.
- Obrigada, nem sei o que dizer.
- Não diga nada, apenas aceite.
- Quando eu voltar para meu mundo tudo isso acabará.- Um pesar apoderou-se de mim eu sabia que a guerra estava apenas começando.
- Dance comigo, milaide.
Como um verdadeiro membro da realeza ele estava fazendo mesura , quando sorri aceitando o pedido Scorpion levantou-se soprou o vento e notas de músicas celtas chegou até mim. Conduziu-me com classe, a muito eu não dançava dessa forma, meus dias eram feito de batalhas. Quando a música acabou Scorpion chamou-me mostrando o quanto eu devia me preparar para o que nos aguardava. O arsenal de batalha era grande mas ele me ensinara que a verdadeira arma está dentro de nós. Toquei uma espada igual a espada que eu usada em minhas batalhas.
- Isso mesmo milaide essa é uma versão mais pesada da sua espada, também fora forjada na força e coragem dos Emirados de Kasar eu mesmo os ajudei a forja-la. A sua fora feita com mais elegância digna de uma dama mas não menos potente. Aqui, pegue-a vamos nos aquecer um pouco.
Ele sorriu pegando para si uma espada um pouco mais pesada. Duelar com Scorpion seria uma honra.
- Estais a testar-me?- Sua risada era contagiosa.
- Apenas seduzindo-a.
Os golpes eram firmes, desferidos com destreza ele era hábil em pouco tempo de duelo eu já estava com a espada em seu pescoço assim como a dele estava no meu, nossos rostos frente a frente. Eu estava ofegante mas Scorpion parecia impecável, sorriu e puxou-me para um beijo.
- Muito bom, milaide.-Eu não sabia se ele estava se referindo ao duelo que acabara empatado ou ao beijo.- Está na hora de você voltar. - Suspirei em tristeza, estava segura ali com Scorpion eu podia sentir a  tranquilidade vir dele mesmo sabendo o quão intenso ele era. Enfim deixei-me voltar ao meu mundo. Tudo parecia surreal. Pois é...  Eu estava com tanta raiva por ter sido apanhada, por estar naquela situação.
2016 ano bissexto, geralmente anos bissextos nos conferem um poder especial como se algo pudesse nos conectar com a vida. Aos poucos tomei consciência do meu corpo, as pernas assim como meus braços estavam pesados demais. O ruído que vinha da porta chegava facilmente aos meus ouvidos, Scorpion  continuava em sua forma animal alojado em minhas costas, tentei levantar, nada parecia normal. Respirei fundo, abri os olhos devagar até mesmo fazer isso parecia difícil, enfim, consegui sentar-me na maca, ao lado alguns instrumentos cirúrgicos estavam dispostos, assim como o tubo conectado ao meu braço. O que era aquilo? Nunca em minha existência eu havia usado aquilo, sou uma guardiã e guardiões não precisam de coisas de humanos.
Olhei ao meu redor, era um lugar novo. Novamente os sons chegavam aos meus ouvidos, eu sabia quem era antes mesmo da porta se abrir. Fechei os olhos e quando abri lá estava ele, o Viking.
- Oh, Senhorita não devia levantar-se.
- Estou bem.- Toquei os tubos conectados ao meu braço.
- Se eu fosse você não faria isso. - Ele exibia um sorriso amistoso. Como se isso fosse me fazer mudar de idéia.
- Mas você não é. -Em poucos segundos eu estava livre daqueles conectores. A porta abriu e Claus com sua postura inabalável me olhou profundamente, essa era a vantagem de possuirmos o mesmo signo protetor, nada precisava ser dito.
- Quando partiremos? - perguntei.
- Ao amanhecer, Milaide. Se estiver em condições.
- Melhor impossível. - Eu não poderia perder mais tempo. - Aliás, por quanto tempo fiquei inconsciente?
- Três dias, Milaide.
- Três dias?!
-Sim. - Claus olhou para o Viking que retribuiu com outro olhar ainda mais severo.
Levantei-me no momento em que um rapaz não tão alto quanto Antony, o qual eu chamo de Viking sedutor entrou na sala, o lençol que cobria meu corpo deslizou revelando grande parte . Deveriam ter preservado ao menos as lingerie, assim evitaria essa cena constrangedora.
- Oh, me desculpe Senhorita. Eu... eu não tive a intenção de vê-la...
- Até parece que o soldadinho aí nunca viu uma mulher seminua - Antony ria de uma forma profunda.
- Antony!- Claus era defensor dos bons costumes e perdia a paciência com facilidade.
- Para seu governo, não sou um soldadinho. Sou Tenente. Tenente Ryan.- virou-se para mim e continuou- Me perdoe, Senhorita.
-Tudo bem Tenente, apenas bata na porta da próxima vez.
- Sim senhora.
-Claus?
-Certo, suas novas roupas estão aqui. Vamos, ela precisa vestir-se. - Todos viram-se para sair, todos exceto o Viking.
-Hamm, Claus. Espartilho novamente?
- Elegância, Milaide. Elegância.
-Sei.- Olhei para o Viking esperando que ele saísse.- Quer que eu te ensine o caminho da porta?- ele se aproximou, sorriu e disse:
- Você fica linda de espartilho mas fica melhor sem ele.
- Saia!
O Viking sedutor nada mais disse, virou-se e saiu com um sorriso, ele sabia ser irritante. Peguei o espartilho em tom azul royal e a calça de couro preta que assim como as outras fora projetada para mim. Scorpion não se manifestou , porém, eu o sentia e isso era um sinal de nossa conexão. Toquei o local do ferimento onde resta apenas uma pequena cicatriz ainda muito sensível ao toque, mais uma para minha coleção, o difícil era entender por quê eu estava sentindo. Decidi não me preocupar tanto com isso, peguei minhas armas sagradas.
- Hora de acabar com isso. - disse para mim mesma.

sábado, 30 de abril de 2016

Galera, desculpe a demora mas estarei novamente postando mais capítulos da saga Ashy.
Beijo a todos!
Galera, desculpe a demora mas estarei novamente postando mais capítulos da saga Ashy.
Beijo a todos!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Aliança


- Pelo que vejo jovem dama, fostes bem instruida por seu tutor, consegue distinguir a casa e também a qual posição ocupamos, se é a primeira ou segunda. No meu caso sou sim o segundo decanato, uma vez que Ariane esteja impossibilitada de executar suas funções... Eu como bom ariano não poderia deixar de prestar contas.
- Acho melhor você tirar esse sorriso idiota do rosto, se bem conheço Ariane ela jamais se permitiria deixar ser vencida por você.
- É melhor sairmos daqui. Vou mostrar-lhe que posso ser muito generoso quando quero,
- Não me importa o quanto você seja generoso. Não estou a venda. A não ser que me entregue Lilian.- Eu era alta mas ele com certeza era maior,  exalava força e determinação.
- Rá rá rá... Lilian? Não passa de uma pequena peça que poderá ser descartada. Venha não querermos chamar a atenção. Querermos?- Eu nunca havia visto alguém com um sorriso tão estonteante! De onde vinham esses pensamentos? De alguma maneira as sombras dele foram se fechando em torno do meu pescoço tentando me sufocar, antes que eu me desse conta sua mente invadiu a minha deixando-me confusa. Vi minhas irmãs Ruth e Dorothy correndo pelas ruas de Londres, risonhas, enquanto eu carregava um cesto de roupa limpa a serem entregues. Era antes da peste, tudo era calmo e as pessoas se cumprimentavam com gentileza. E quanto eu caminhava com o cesto que exalava perfume de sândalo ouvia-se borburinhos das donzelas junto a fonte, não possuíam mais que dezessete anos, curiosa aproximei-me para saber de que se tratava os risos quando Dorothy me puxou pelo braço, apesar dos seus quinze anos era quase da minha altura:
- Ele é lindo Ashylei!
Não pude deixar de rir ao notar que todo aquele borburinho dava-se a um jovem rapaz. Ele estava sentado junto a fonte com um violão azul cobalto. As notas entoadas por ele me acalmavam, algo saía dele, uma energia forte e vibrante. Como se por algum motivo aquele forasteiro pudesse sentir a mesma onda de calor olhou-me com intensidade. Tomada por aquela sensação estranha meus braços fraquejaram como se a minha alma estivesse sendo exaurida de meu corpo, o cesto foi-se ao chão fazendo-me recobrar de minha tarefa. Recolhi tudo com rapidez, dirigindo-me ao mercado para fazer minha entrega, deixei aquela bela voz tornar-se uma lembrança.

- Hey ! Ashylei esparai-me.

- Dorothy comporte-se , sabes que nossa mãe não aprova tais comportamentos . Então ande com graça e não correis como garotos.

- Sim eu sei perdoe-me. Podemos ir até a igreja depois?

- Mas é claro que sim, faremos uma visita ao Bispo.

Senti novamente uma onda de energia mas dessa vez fui sugada para uma outra lembrança...

Marcius sorria, um sorriso tímido porém levara consigo parte de meu coração. Todas vez que pronunciava meu nome inevitavelmente aquecia minha alma, em sua presença as palavras não se tornavam coerentes. Eu fechava os olhos para que pudessemos conversar, ele não continha o riso e dizia:

- Deixai-me ver o sorriso em teu olhar Ashylei, tens o olhar mais cativante que já vi minha senhorita. Quisera eu poder desposar estes olhos pela eternidade e que nada possa impedir-me de apreciar tua beleza. Olhes para mim , peço-te minha querida. Deixai-me ser o mais feliz homem desta terra.

Atendendo ao seu pedido deixei que meus olhos contemplasse sua beleza. Marcius era robusto e viril, usava um corte de cabelo jamais visto na região ,provavelmente nem mesmo em toda Londres. Procurei traços que pudessem me dizer de qual país era esse forasteiro, não contive minha curiosidade.

- Marcius, perdoe-me por indagar-te de forma tão direta mas... - Por um instante julguei se poderia mesmo fazer tal pergunta.

- Pergunte-me o que quiseres minha senhorita. Dou-lhe minha permissão e creio que ninguém poderá escutar-nos daqui, afinal o vilarejo fica distante destes campos.

- Pois bem monsieur, poderia por obséquio dizer-me de onde és tua descendência?

- Venho de um lugar que poucos conhecem , nasci em um país chamado Brasil, onde pessoas são gentis, flora e fauna são abundantes. Falta-lhes um pouco de tecnologia ainda porém futuramente serão umas das maiores potências do mundo.

- Perdoe-me por minha ignorância, falais de forma que não vos entendo. O significa "tecnalgia" ? - ele sorriu e disse:

- Diz-se TECNOLOGIA, são melhorias . Deixai-me explicar melhor, veja, a roda quando fora criada era quadrada e hoje são redondas facilitando a locomoção das carruagens que transportam pessoas e alimentos. Isso é tecnologia. Pensas que sou um bruxo como as damas da alta sociedade?

Além de gentil ele era muito inteligente, os boatos de que Marcius era um bruxo nada condiziam.

- Não monsieur, sois inteligente como os criadores da roda.- Marcius aproximou-se de mim sorrindo , tocou meu rosto ;

-Tens algo dentro de ti mais forte que qualquer um que eu conheço e digo-vos que conheço muitas pessoas. Carregais consigo a força de algo que chamamos de oculto.

- Estais assustando-me monsieur.

- Peço-lhe minhas sinceras desculpas, não foi minha intenção.

-Conte-me por favor o que é isso que dizeis que possuo.

- Seria difícil mostrar-lhe durante o dia pois preciso que veja o que o sol esconde, elas estão lá mas não podeis vê-las. Venha durante a noite , aqui neste mesmo local e então ei de explicar-te. Podeis fazer isso?

- Sim, hoje mesmo estarei aqui assim que o sol se por.

- Esperarei por ti minha senhorita- De repente seu olhar tornou-se sombrio, havia tristeza e dor. Não entendi por que.- Mas peço-te que não te assusteis pois hoje será meu último dia nesse vilarejo.

- Irás embora? Para onde?

- Sim Ashylei, irei para um lugar que não posso levar-te comigo. No entanto nos reencontraremos um dia.

Dizendo isso Marcius ajudou-me ensilhando meu cavalo, retornei ao vilarejo sabendo que o reencontraria naquela mesma noite. As horas passaram enquanto eu completava meu dia com os afazeres.

- Ashylei, Ashylei!

Ruth entrava correndo pela porta da cozinha.

- Calma! Por que estais a correr?

- Ha rumores sobre uma peste mortífera. Escutei o monsieur Dimitri dizer ao Bispo que estamos condenados a perecer.

- Espero que estejas errado e que tudo não passe de mexericos;

- Imagino que não sejas mexerico minha irmã pois o Bispo disse que o vilarejo vizinho não resta mais ninguém vivo e que toda Londres está tomada pela peste negra.

- Minha irmã hoje mesmo ei de falar com monsieur Marcius para que nos leve consigo , creio que ele não ira se opor.- Marcius era nossa tábua de salvação.

Aquelas palavras ocuparam meus pensamentos durante toda tarde, minha última tarefa seria entregar as roupas limpas do senhor Dimitri e ele não permitia atrasos. Minha familia dependia da ajuda financeira, cruzei o vilarejo o mais rápido que pude, ao longe o sol dava sinais que a noite estava se aproximando. O som de uma canção conhecida chamou minha atenção, eu não precisava me virar para saber que era Marcius com sua voz melódica no entanto firme. Parado frente a porta de entrada estava o filho de Monsieur Dimitri, um rapaz de má reputação, vive em tavernas e perambulando pela noite fria de Londres.

- Boa tarde. Trago-lhe as roupas que vosso pai encomendaste.

- Muito boas tarde. - examinou-me de cima abaixo detendo-se em meus sapatos gastos, as ruas emburacadas de Londres não me permitiam ter muitos o que usar - Como sabeis Ashylei meu pai não tem tempo para coisas corriqueiras como essas e quem faz os pedidos é a governanta mas entre e espere no jardim.

A casa era grande , ao passar por Jack percebi que sorria de forma zombeteira , o que me enojava. Vi arabescos e afrescos em toda parte, o jardim muito bem cuidado com uma fonte ,reluzia os ultimos raios de sol revelavando o quanto ostentavam a fortuna pertencente a gerações. Parei junto a fonte, ouvi passos e quando virei-me vi Marcius parado próximo a porta. Sibilou algo que deveria soar como uma pergunta .

- Monsieur Marcius que bom vê-lo, creio que viestes tratar com meu pai. Não?- Jack o interceptou antes que chegasse a mim.

- Oh sim , vim tratar de assuntos particulares.

- Ele o aguarda no escritório, segunda porta a esquerda. Agora se me der lincença tenho compromissos a tratar se é que podeis me entender.

Marcius o segurou pelo braço e sibilou algo que novamente não pude entender, Jack o olhou estupefato e depois olhou diretamente para mim, senti uma onde invadir-me e fui arremessada para o presente.Mesmo após seculos ainda sinto sua presença, o toque de suas mãos em meu braço de forma delicada a principio tornando-se urgentes ao deslizar até meu pulso.

O rosto do guardião tornou-se visivel a minha frente.

-Como ousa dominar minha mente?

- Não gosta de brincadeiras Ashy? Como você era patética, possuia uma grande força dentro de si e desperdiçou. Acha mesmo que Marcius poderia te ajudar a fugir do que te aguardava? Quer saber o que ele disse ao jovem e audacioso Jack?

- Não quero saber de nada. Marcius está morto.

- Olhe bem ASHYLEi...

- Nunca mais repita o meu nome. Você não tem o direito.

- Vamos princesa escorpion, vamos sair daqui. Quero ver até onde você foi treinada e se é realmente capaz de deter o que espera a lua de sangue. Os Hakans estão de posse de 10 dos 12 artefatos ocultos, o que significa que viram atrás de você e de mim.

- Então você quer dizer que está aqui para me ajudar? Não confio em guardiões das trevas.

- Está esquecendo que você também é uma guardiã, concordo que não vejo o oculto dominando-a mas ele está ha todo momento lutando para isso.

- Certo. olhe não confio em você. Preciso fazer uma ligação.- Eu precisa falar com Claus sobre isso.

- Está brincando comigo, não é? Sabe que não precisamos dessas besteiras dos humanos, pode muito bem encontrar quem quer que seja.

- Não gosto de deixar meu lado humana e a única forma de ficar longe de vocês é não usar meus dons. Agora se me permite.

- Estarei do outro lado da rua. Alias meu nome é Antony.

- Vá tomar um café.

- Que senso de Humor. Mas aceitaria ceifar alguns medos.- revirei os olhos ao que parece todos os guardiões gostam de sugar o medo das pessoas- Certo nada de lanches.

Esperei que Antony se afastasse , embora eu sabia que ele poderia escutar tudo se quisesse mas preferi estar só antes de discar para Claus.

- Alô, diga Ashy. Como foi a caçada?

- Mais emocionante que você imagina. Preciso das informações do caso Hakan.

- Ao que consegui descobrir eles estão recrutando pessoas e buscando artefatos ocultos.

- Acho que eles tem ligações com Liliam.

- Por que pensas assim minha senhorita?

-Claus ,um guardião da primeira casa me encontrou.

-Ariane?! Estou surpreso por ela ainda te procurar.

-Não, não é Ariane. O nome dele è Antony o segundo decanato. Você o conhece?- Claus ficou em silencio por um instante então proseguiu.

-Fique longe dele Ashy, você não imagina com quem está lidando. Jamais mostre a ele o poder do seu oculto.

- Imagino que ele já saiba.

- Você mostrou a ele?! Oras Ashy não acredito que tenhas sido tão imprudente.- Gritos ecoaram do outro lado da linha, aí está. Este é o Claus que eu conheço!

- Acalme-se! Não mostrei nada a ele, não sei como mas ele invadiu minhas memórias . Pude sentir seu oculto.

- Ele usou com você o dom de Áries, podem ver o começo de tudo e assim abrir o caminho para conquistar um certo destaque. Não adimite covardia e era isso que estava procurando em você , algum traço que indicasse se você temeria a luta se ela surgisse.Mas cuidado Ashy, a casa de Áries é extremamente competitiva.- Eu sabia o quanto isso era verdade , me lembro muito bem de Ariane durante uma disputa de poder.- Ele sempre dará o primeiro passo

- Ficarei atenta.

-Ashy existe mais algum problema?

- Ele me fez lembrar de Marcius.

- Você terá de carregar isso por toda eternidade.

- Sim, eu sei mas ainda dói.
Esperei que a onda de raiva invadisse meu corpo mas nada aconteceu, somente o latejar acometido pelas pinças em minha homoplata.

- Ashy!

- Sim, estou aqui Claus.

- Creio que será inevitavel minha senhorita.

- Claus, eles já possuem dez dos dozes artefatos.- O som de algo se chocando contra a parede ecoou do outro lado da linha.
- Ashy?
- Sim. - Quando tornou a falar o tom de sua voz era de poucos amigos.
- Acabe com eles!- Claus sabia que eu não iria deixar por menos e o que ele disse era tudo que precisava escutar.
- Pode deixar! E a garota?
- Não se esqueça da garota, acho que isso deve ter alguma relação. Embora eu pense que isso seja uma armadilha. Ela tem apenas dezesseis anos, Ashy.
- Eu sei Claus preciso resgata-la antes da lua de sangue, se eles realmentr querem a espada de Scorpion iram mantê-la em segurança por enquanto. O que sabe sobre a garota?
- O nome dela é May Leen. É nascida no ano bissexto.
- O que isso quer dizer? - Com voz rouca ele disse:
- Ela é como você minha senhorita, os nascidos em ano bissexto possuem uma energia diferente ou seja eles podem escolher a qual lado da balança seguir.

Minha mente clareou com essa nova informação, então pude entender o que isso significava. Quando fui recrutada a balança regida por anciãos tentaram me aprisionar, um homem grande que cheirava mai me agarrou pelos braços e algo que não pude explicar aconteceu. Meu corpo vibrava com uma energia quente, parecia que pinças beliscavam por todo meu corpo. A energia era tangível para mim, os olhos cheio de medo do homem não deixava dúvidas ele sabia que estava diante de algo terrível. Eu era má. Segurei seu pulso, o girei até seu corpo contorcer-se de dor e com um estalo ele desabou no chão. Eu havia quebrado seu osso, o sorriso de satisfação do ancião que me observava de perto. Naquele momento uma nuvem negra pairou sobre mim envolvendo-me com tentáculos enchendo minha alma de pânico. Lembro-me bem o esforço que fiz para sufocar um gemido quando as mãos de Claus tocou minha face fria, algo estava errado eu podia sentir pois as lágrimas corriam por meu rosto, eu não queria matar aquele homem.
- Claus farei o que for preciso para achar May Leen.
- Estarei com você em dois dias. Creio que serei necessário agora minha senhorita. Até logo.
- Até.
Comecei a caminhar até a lanchonete onde o " Viking sedutor" deixava seu rastro de corações destruídos. Afinal o que acontece com essas humanas? Isso chega ser hilariante!
A rua estava agitada com a proximidade das datas festivas, um carro de polícia passou a toda velocidade. Agora que eles resolveram aparecer? Continuei em direção a lanchonete, parei na calçada onde havia ia um letreiro escrito Bomba Burguer. Tão original quanto a garçonete que possuía menos roupa do que maquiagem nos olhos. Antony eta todo sorriso para a garçonete, abri a porta e fui invadida por uma onda de tranquilidade eu sabia muito bem o que ou mais precisamente quem estava provocando aquilo. A garçonete não para de tentar exibir seus dotes para meu mais novo e indesejado colega, sentei-me do outro lado da mesa.
- Ashy quero que conheça a minha amiga...
- Cristina!- respondi sem me importar com a garota, que me lançou um olhar de " não fale, não respire, de preferência morra!"- Está escrito em seu crachá. - dissr apontando para seu peito.
- Obrigado ,Cristina. Apreciarei seu café. - Aquilo estava me enojando.
Para Antony um largo sorriso e para mim um olhar mortal, foi assim que a garçonete nos deixou. Até que o Bomba Burguer era aconchegante, as mesas eram dispostas de forma organizada cada uma com um cesto de molhos para que os clientes se servissem a vontade.

- Seu café vai esfriar, tomei liberdade de pedir pra você.

- Não era necessário, eu mesma poderia ter feito o pedido.- Respondi um pouco rude
- Duvido que Cris iria recebê-la tão bem quanto eu. - Então agora Cristina a garçonete era Cris? Muito interessante para quem havia sido arrogante com uma pobre moça indefesa minutos atrás! Pensei.
- O que aconteceu com o arrogante de minutos atrás?
- Não me teste Ashylei- seus olhos faiscavam com algo que eu sabia , era perigoso. Mas não chega perto do que é domar Scorpion.
- Eu já te disse que você não é digno de pronunciar o meu nome.

A atmosfera calma de antes foi substituída por uma energia crepitante. Estava claro que isso seria complicado.
- Vamos direto ao assunto princesa Scorpion, só há uma forma de evitar que meu artefato seja tirado de mim.
- Assim comi você o tirou de Ariane?
- Não duvide de mim Ashy! Eu e Ariane apesar de possuir-mos casa diferente somos amigos, ela está incapacitada de assumir seu posto. Estou defendendo minha casa somente isso! E aqui não é lugar para conversar sobre isso. Há espiões dos Hakans por todo lugar.

Me dei conta de que ele estava certo, afinal, a casa de Áries é muito conhecida por sua capacidade e tenacidade, muito sagaz e se ele estava dizendo que aqui não é lugar apropriado eu não teria escolha. Ariane teria feito o mesm, se ele herdou os mesmos traços com certeza é muito inteligente,
- Certo. Esxite um lugar, um campo neutro. Você não poderá usar seus dons em mim.
- E você não poderá usar os seus, isso não é o que eu esperava de uma guardiã.
- Você é um guardião das trevas! Eu não!
- Se é isso que você quer acreditar... - Deu de ombros.
- O que você quer dizer com isso?
- Nada, apenas seria mais prudente um de nós estar preparado se algo acontecer. Sei de que lugar você está falando.
- Sabe?
- Sim, sei. É o ponto de equilíbrio, nenhum guardião pode usar seua dons, apenas os mais fortes ainda conseguem uma centelha de poder. Mas você... - fez cara de desdém! - ... Você é patética!
- Vamos sair daqui e pare de me irritar.

Era melhor eu sair logo, Scorpion já dava sinais de irritação com as provocações, as pinças começaram a roçar minha omoplata. Respirei fundo enviando pensamentos a ele para se acalmar, por fim Scorpion se aquietou. Antes de sair Antony chamou a garçonete, piscou ao enfiar uma nota de cem reais nos seios dela, esse cafezinho saiu mais caro que eu imaginava. Não que eu me importasse com isso, riqueza é algo que acumula-se com o passar dos anos , claro que alguns de nós os esbanja com tanta facilidade. Estávamos do lado de fora quando senti uma onda me invadir, eu sabia que isso não era um bom sinal.
- Então vamos?
Levei um tempo para processar o que Antony dizia.

- Por aqui- Indiquei uma rua estreita que nos levaria para o lado verde da cidade, se eu tinha alguma chance seria perto de um lago com água corrente. Sou regida por Plutão conseqüentemente a água faz parte do domínio de meu decanato não tão forte quanto a casa de Peixes e Câncer, nunca queira entrar em conflito com esses guardiões, eles estão sempre um passo a sua frente. São ótimos estrategistas! Mas como meu elemento é água posso aumentar minha força.
- Pensri que iríamos a um campo neutro. - indagou Antony.
- Esse é um ponto de equilíbrio, veja.
Antony abaixou-se tocou a terra, levou um punhado até as narinas e a cheirou depois deixou cair lentamente mas seu olhar estava fixo nos meus. Levantou-se veio até mim e disse:

- Um ponto de equilíbrio. Você não é tão burra quanto eu pensava- Andou mais alguns metros repetindo o mesmo que havia feito antes.- Realmente interessante! Vai usar os elementos ao seu favor? Mesmo se alguém nos atacar seria difícil, poucos metros daqui e você poderia invocar Scorpion se quisesse. Agora você pode baixar esse escudo que te cerca.

Minha expressão de espanto e o sorriso dele denunciou que ele estava certo. Durante o trajeto criei um escudo que me envolvia tanto para clarear minha mente quanto para proteger as pessoas de Scorpion. Extremamente sensível a qualquer ameaça. Não quero pessoas correndo em pânico por causa de um escorpião tamanho gigante e muito irritado. Quando poderei estar em harmonia com ele? Isso eu não sei. Olhei para o Viking , empurrei o mais fundo os meus sentimentos.
- Você disse que gostaria de conversar. Então vamos acabar logo com isso. Agora!
- Você é bem mandona. Sabia?- Queixou-se.
- E você é muito petulante.- Retruquei.

O Viking sedutor sentou-se em um tronco, fez um gesto para que eu me sentasse ao seu lado, algo que me pareceu íntimo demais.
- Não mordo, exceto se lindas mulheres de cabelos negros e lábios vermelhos sangue me pedirem com jeitinho. - Deu um sorriso tentador. Só em seus sonhos mais loucos, pensei- Pode recuar seu domínio, Ashy? Chamaria menos atenção, posso senti-lo a quilômetros se distância. Foi assim que cheguei até você essa noite e confesso que não foi fácil, você se esconde muito bem. Ashy estou em missão de paz!

Ergueu as mãos em sinal disso. Olhei ao meu redor, não havia perigo e a qualquer sinal eu estaria pronta para o ataque. Quando retornei olha-lo vi seus olhos fechados, o único indício de vida era o subir e descer de seu tórax. O movimento sutil dos lábios indicava que algo em latim estava sendo sussurrado. O ponto de equilíbrio não nos permite dominar o oponente, usado constantemente pela balança, mas este há muitos anos deixou de ser usado não sei porque... De repente seus cabelos louros perderam sua cor, a pele clara assumiu um bronzeado caribenho, quando abriu os olhos o azul profundo deu lugar ao verde mais intenso que já vira em séculos de minha existência. Eu deveria estar com uma expressão de surpresa pois o largo sorriso estampou seu rosto.

- Imaginei que deveria ser o primeiro a fazê-lo, assim você poderá confiar em mim. - disse-me.
- Certo!- então sussurrei- " Umbre". - fiz o sinal e Scorpion soltou-se de minhas costas indo se alojar em meu peito não sem antes olhar em meus olhos como se estivesse prometendo que estaria ali sempre que eu precisasse, que não me abandonaria, afinal, amigos fiéis jamais se abandonam. Por fim a tão conhecida dor de uma picada no peito e Scorpion se alojou dentro de minha pele.

- Umbre? É assim que você invoca Scorpion, com sombras?
-Não invoquei Scorpion. - Eu jamais diria a ele que recuei as minhas sombras e que Scorpion também estava livre, apenas permanecia junto a mim por decisao dele. Ainda não posso domina-lo por completo.

- Certo, então venha. Sente-se tenho muito a lhe dizer.
- Não, obrigado. Ainda não sei se posso confiar em você.
- Como preferir. O que você sabe sobre os Hakans?
- Não muito- Não revelei o que sabia por precaução- O que você sabe?
- Muito, a começar pela aliança que fizeram com os membros da balança. Acreditam que se unirem os artefatos das doze casas poderam despertar a força do oculto mais temível e domina-lo - ele apontou um dedo para mim e seus olhos ficaram sombrios- Uma vez que a guardiã da primeira casa esteja impossibilitada.

- Como impossibilitada? Guardiões só podem ser mortos pelo próprio artefato.
- Vejo que você nada sabe! Até onde seu tutor lhe ensinou? Certo! - respirou profundamente e prosseguiu- Um guardião pode ser morto pelo seu próprio artefato, no entanto, existe uma forma de deixa-lo incapacitado por um longo tempo e até mesmo leva-lo a morte. Nosso corpo é composto de vários...

- Vários pontos de energia- o interrompi- Nosso chacra.
- Sim, existe um simbolo antigo usado somente pelos membros da balança. Ele sela essa energia e como você bem sabe só podemos invocar nosso decanato através dele. Ao que parece mais alguém alem da balança aprendeu usa-los.
Levei minhas mãos até os lábios sufocando um gemido.
-Ariane! Você usou em Ariane para ficar com o domínio da primeira casa? Como pôde? Seu filho da p...
- Jamais! - Subitamente ele ficou de pé com os punhos cerrados ao longo do corpo- Eu jamais faria isso, Ariane os transferiu para mim um dia antes de ser encurralada. Creio que ela já sabia o que poderia acontecer. Tenho uma ligação profunda com ela, daria minha vida a ela se necessário. O laço que nos une é maior do que você possa imaginar.
- Sinto muito, não sabia que vocês eram íntimos.- " Não seja tola Ashy, esse Viking já tem dona" censurei a mim mesma em pensamento. Afinal por que esses pensamentos estavam rondando minha mente ?
- Eles precisam de uma garota pura nascida no ano bissexto para o ritual, os artefatos e a garota são a chave para despertar o lado negro... - Ele parecia escolher as palavras, por fim continuou - ... Seria mais como um ressurgir do que despertar.
- O lado negro... Vamos termine! - ralhei.
- O lado negro de Scorpion!

Horrorizada com a revelação senti o chão oscilar sob meus pés quando dei-me conta da mortandade que estava por vir.
-Isso não pode acontecer. Como impedir isso?- Olhei suplicante para aqueles olhos verdes.- Se você me matasse? Isso acabaria. Certo?

- Não é bem assim que funciona, a garota May Leen seria a nova guardiã. Tudo indica que o coração dela é mais negro que o seu, eles irão te usar para transferir o poder para ela assim como o seu tutor fez com você. Existe uma forma mas é muito arricado, você teria que treinar, isso levaria anos até que você estivesse pronta e precisaríamos dos pergaminhos.

Mas uma vez as coisas esbarravam nos pergaminhos. Com uma força que eu jamais poderia imaginar, endireitei os ombros, tínhamos que encontrar uma pessoa.
- Vamos atrás de Lilian.
- Ela também está incapacitada será fácil encontra-la, fique tranqüila Lilian não passa de um peão nesse jogo.
- Nossa história é mais antiga do que você imagina.

Uma flecha zumbiu ao passar por mim. Fui lançada ao chão por aquele Viking, ele era mais pesado do que eu pensei. Passos em nossa direção eram cada vez mais intensos. Calculei em torno de 45 pessoas entre homens e mulheres, estava me preparando para a batalha.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Continuação Ashy parte 2

Qualquer profissional por mais bem treinado que tenha sido jamais identificará a causa real da morte, o veneno não deixa vestígios e assemelha-se a um infarto. A presença do oculto ainda era forte, saindo daquele beco camuflei-me em meio a escuridão. A roupa que Claus mandou projetar para mim me permite locomover sem maiores problemas, no entanto seu gosto por espartilhos me assombra. Ao julgar como o poder se aproximava rapidamente estava claro que o segundo decanato de áries me sentiria, como Claus havia me ensinado durante as batalhas susssurei as palavras em latim, fiz o sinal para selar minhas sombras. Senti o meu oculto recuar rapidamente obedecendo o meu ccomando, era como se milhares de ferrões de scorpions percorresse minha pele afundando-se em meu interior, meu cabelo tingiu de vermelho e meus olhos perderam sua cor negra. Saí de onde eu estava e indo de encontro ao guardião, sua presença era um tanto atraente mesmo sendo tão negra. Ao virar a calçada deparei-me com um homem de aparência jovem e de grande porte assemelhando-se a um Viking. Era um dever descobrir o que ele fazia...

domingo, 28 de junho de 2015

Saga Ashy: ressurgir das trevas

                 Ashy: ressurgir das Trevas 

Londres, 25 de Maio de 1665.
Todos dizem que essa foi a data da minha morte mas na verdade foi o dia do meu renascimento, a peste negra ou peste bubônica como é conhecida hoje assolava o país e pessoas não passavam de apenas corpos em decomposição . A grande praga dizimou cerca de 100 mil pessoas, não sabíamos como combater a peste , cachorros e gatos foram isolados afim de evitar a proliferação, péssima ideia, pois eles controlavam o verdadeiro transmissor : o rato. Valas enormes foram cavadas para depositar os restos mortais. A cidade tinha cheiro de morte. Comigo não foi diferente, vi meus pais e minhas irmãs morrerem lutando contra a doença que dizimava sem piedade não importava a classe social, ricos ou pobres todos tínhamos o mesmo destino, um cadáver ambulante. O fim desse tormento se deu em 1666 com um grande incêndio aniquilando as favelas e lugares mais pobres. Nasci na América Latina e me criei em Londres isso explica muita coisa a começar pela forma que todos me olhavam como se eu fosse um animalzinho de estimação, meus traços marcantes nada combinavam com as damas da alta sociedade e vez ou outra eu era forçada a limpar as latrinas em troca de alimentos .Aos 20 anos fui deixada para morrer após ter sido violentada e espancada pelo filho de um senhor muito importante no vilarejo, minhas roupas rasgadas mesclavam-se aos corpos putrificados , mal conseguia pronunciar um som para pedir ajuda quando um lobo arrastou-me para longe do vale da morte. Pensei que seria devorada por aquele animal, a comida era escassa na região mas ele simplesmente sentou ao meu lado e ficou a me observar. Pensei ter ouvido vozes em minha mente que repetia sem cessar:
- Aguente firme minha senhorita, você ficara bem. Meu nome é Claus e serei seu guardião.
Uma tiara foi depositada em cima de mim e ao tocar minha pele ela reluziu, nada mais pude ver ou sentir, meu pulmão já não tinha mais forças e meu coração dava seu ultimo pulsar. Presa na escuridão vi meu corpo ser levado por aquele animal, e assim começa minha história .As lágrimas que correm por meu rosto revelam o que um dia eu fui e nada que eu faça poderá mudar isso. Conquistei meu espaço com luta e força, me sinto livre, capaz de superar meus limites e cada vez mais superarei a mim mesma.Por mais que você me odeie não posso deixar de ser o que eu sou e nada me fara mudar de opinião. Hoje sou capaz de lidar com meus instintos, minha força vem daquilo que todos julgavam que eu não era capaz, sou escorpiana nata, guerreira por natureza. Meus inimigos me chamam de... "Ashy".

Brasil dias atuais.
Mais uma noite como outra qualquer, a verdade é que o tédio está me matando, que irônico... como se eu pudesse morrer. Tudo está silencioso demais e a chuva fina não ajuda em nada, meu casaco sobretudo me protegeria do frio se eu ao menos pudesse sentir isso. Isso foi uma das coisas que perdi ao ser recrutada para o legado dos guardiões, se você me perguntar se estou viva minha resposta será sim e não. Minha alma está viva e isso é o suficiente para você saber, não sinto frio ou calor, meu instinto é assassino e para o azar de muitos tenho força e agilidade um tanto fora do comum. Claus meu guardião apesar de mal-humorado sempre me fazia companhia , as caçadas eram mais interessantes com ele.
- " in the dark always..." - não posso esquecer de colocar o celular em modo silencioso, isso sempre acontece e já tive muitos problemas com isso.
- Ashy falando.
- Ashy, tenho notícias importantes  sobre o caso Hakan.
- Achei que esse caso já estivesse encerrado Claus.- o caso Hakan era algo que Claus insistira e desvendar, ele acha que os guardiões estão escondendo alguma coisa importante. Mesmo sendo um membro excluído jamais pudera se desconectar do submundo, assim como eu Claus teve seus dias de guerra e hoje trabalha a serviço da humanidade.
- Falta pouco mas posso garantir-lhe minha senhorita que terás muito trabalho, a começar por resgatar uma garota das mãos da sétima casa. Acho que isso será um deleite para senhorita.Ao que parece foi levada para ser sacrificada num ritual de passagem durante a lua de sangue.
- A casa de Libra...
- Sim a casa de Libra. Sei que a senhorita ainda está ressentida por kisha mas não será fácil, sua adoração pelo poder pode ser seu fracasso. Terá que dominar isso se quiser entrar na sétima casa, e, Ashy seu sentimento de vingança será saciado mas não hoje. Você adora solapar a alma da humanidade.
- Você sabe bem o porque, vejo a podridão que eles escondem e o fato dos guardiões permitirem isso só revela uma coisa. A balança está sendo alterada outra vez como no dia em que permitiram que me levassem, só não me tornei uma guardiã das trevas graças a você ,ao menos não inteiramente. - mais de 400 anos e não consigo esquecer aquele dia, tenho pesadelos todas as noites .Mesmo após ter acabado com a vida daquele covarde que abusou de mim da forma mais sangrenta que pude ainda tenho sede de vingança por todas as pessoas que por homens como ele foram torturadas.Por que meu coração ainda dói tanto? Pensei que com o tempo eu pudesse esquecer tudo isso, não possuo mais o que um ser humano normal possuiria mas ainda sinto a tristeza na alma... Ainda apoiada no beiral da Catedral de Aparecida vi dois homens estranhos encurralarem um casal que estava namorando na praça minutos antes, um deles era alto e vestia um casaco surrado e touca ninja o outro usava uma jaqueta azul e calça jeans, sinceramente não me importo nenhum pouco com isso, não sou dada a romances. Desperdício de tempo. Míseros bandidinhos de segunda categoria, algo reluziu ao ser retirado do casaco do mais alto e em questão de segundos o rapaz caiu no chão gemendo não teve tempo para se defender , o cheiro de sangue atingiu minhas narinas me deixando nauseada.Mais uma dadiva concedida ao me tornar o que sou hoje. Pobre garota! Ao tentar socorrer o namorado fora agarrada e jogada no chão, implorava por sua vida e em troca recebera um tapa na cara. Aguardei olhando atentamente esperando que algum policial flagrasse a ação. Mas onde está a policia quando se precisa dela? A garota fora agarrada pelos cabelos enquanto o mais alto tentava retirar-lhe a calça. Pelos guardiões! A mesma cena se repete após seculos... não se eu impedir.
- Ashy? Ashy, ainda está aí?
-Tenho uma caçada para resolver te ligo depois.- click.
Desci do beiral com uma bela aterrizagem , nem perceberam minha presença..
- Desculpe cavalheiros mais acho que deveriam brincar com uma mulher de verdade. Que tal deixar a garota ir?
Poderiam se passar por cavalheiros da alta sociedade se quisessem mas sua alma era podre e como tal exalavam o cheiro. Como Claus havia dito, adoro solapar a alma humana, entretanto, isso se deve ao dom a mim concedido... posso ver o oculto.
- Rá rá . que tal nos divertimos com as duas? hein sua puta!
-Sua mãe não te ensinou que falar palavrões é muito feio? E mais uma coisa. Desculpe docinho mais acho que você não dará conta do recado depois que eu quebrar o seu pescoço.
- O que você disse sua vadia? Vou adorar rasgar você todinha mas antes vou te ensinar o que o papai aqui sabe fazer.- Retrucou o de calça jeans.
- Sério? Você não é o meu pai e se eu fosse você teria mais respeito pelos mortos já que você será um deles... -A garota choramingava e implorava para que a deixassem ir, vi em seus olhos a minha imagem- ... vou dizer só mais uma vez solte-a agora!
- E se eu não soltar? Por que você não vem pegar no meu pau, hein sua puta?
Não pude conter o riso quando fiz o que ele pediu antes mesmo que ele pudesse piscar, o liquido vermelho tingiu sua calça, o rosto pálido encontrou o chão e ele gritava de dor.
- C...Co...Como... como ela fez isso?
O olhar perplexo do rapaz de casaco e a boca escancarada só revelou aquilo me me dava mais prazer, o poder... e meu alimento preferido, o medo. A garota ainda estava caída no chão.
- hum, adoro isso. É tão delicioso...- não pude deixar de dizer, isso sempre acontece.
- Sua vadia maluca- gritou o homem no chão
- Oras, oras! Ainda pode falar?
- Sua puta! Vou matar você!
- Acho melhor você calar a boca, você fala demais.- o grandalhão ja estava fugindo- Hey! Onde você vai? Você é o próximo...
O comparsa corria o mais rápido que podia mas deixava um rastro de medo pelo ar, seria fácil alcança-lo .Quanto ao que estava no chão era hora de cobrar o que ele havia prometido " diversão", apenas um giro no pescoço... como os humanos são fracos e quebram-se facilmente. Antes de ir atrás do outro precisava apagar a memória da garota ou isso me traria consequências, sem contar que Claus não me deixaria em paz por minha falta de descrição. Aproximei-me da garota, seus cabelos cacheados, negros como a noite eram bem parecidos com os meus mas o olhar eram os mesmo de Kisha antes de eu ter que fazer a escolha, suas palavras ainda reverberam em minha mente
"- Ashy termine com tudo isso de uma vez é a única forma, mate-me agora enquanto ele está preso em meu corpo.
- Não posso Kisha, deve haver outro jeito. - Senti a presença de Lilian a guardiã da sétima casa.
- Ashy, devemos sela-lo agora enquanto ele está no corpo desse humano . A única forma de destruir a alma dele é matando-o.
- Não! Existe uma outra forma, precisamos encontrar os manuscritos antigos há um meio de destruí-lo durante a lua de sangue. - eu não poderia matar meu melhor amigo.
- Você tem ideia de quanto tempo isso levará? Se selarmos ele agora enquanto está no corpo de Kisha haverá uma chance de destruí-lo mas se o deixarmos ir ele ficará mais forte e mesmo com todos guardiões unidos não poderemos acabar com ele. Aliás ele é só um humano- Antes que eu pudesse impedir Lilian tocou o peito de Kisha fez o sinal do selo e sussurrou as palavras ocultas. - Faça agora!
- Não posso!
- Não há outra forma... por favor Ashy ficarei feliz por ajudar... Você sempre será minha amiga, minha irmã de alma"- atendendo seu último pedido cravei em seu peito a única coisa que poderia matar um de nós, o artefato do próprio guardião e matar Marcius com a adaga da segunda casa também ,levara consigo Kisha.
- Nunca crie vínculos com humanos, Claus deveria ter lhe ensinado isso é a mais importante lição.
Lilian virou-se de costas para mim enquanto eu segurava o corpo de Kisha transformando-se em cinza.Debaixo de seu manto havia algo volumoso.
-O que é isso que você tem guardado? - levantei-me e a puxei pelo braço, o papiro caiu no chão.- O manuscrito! Você o tinha escondido. Por que? - Com pouca habilidade que possuía com artefatos ocultos empunhei o mais firme que pude porém Lilian fora mais rápida atravessando sua adaga em meu peito.
- A lua de sangue será minha e eu serei a única guardiã a dominar todas as forças ocultas.
Lilian fugiu pensando que minha iniciação não fora completada então eu morreria com o ferimento, o que ela não sabia é que escorpiões se regeneram e o que não te mata te fortalece, um dia me vingarei."

Eu tive que fazer aquilo e agora tenho que apagar meus rastros, ninguém poderia saber que eu estive por aqui. Deixei a garota inconsciente e quando fosse encontrada pela policia iria se lembrar somente de ela e o namorado terem sido atacados. Ao inalar o ar meu desejo se intensificou o grandalhão não estava tão longe, segui seu rastro e como os ratos que transmitiam a peste negra ele estava encurralado em um beco.
-Pode correr mas não pode se esconder... Rá Rá Rá... O que você dizia que iria fazer comigo? Mal vejo a hora de saber.
- Sua vadia fique longe de mim. Sacou? - O grandalhão puxou um punhal e o apontou para mim.
- Um brinquedinho para nós? Isso vai ficar muito interessante, vamos ver o que você sabe fazer com isso.
Ele veio para cima de mim, desviei facilmente dos golpes acertando-o vez ou outra com golpe de Muai Tai. Ele se recuperava e a cada investida era novamente golpeado.
- É só isso que sabe fazer? Eu esperava mais de um cara com o seu tamanho.
- Sua vagabunda. O que acha disso aqui. - puxou uma barra de ferro que estava jogada no chão.
- Acho que agora podemos começar... Já que você encontrou um novo brinquedinho creio que devo te mostrar os meus.
Sempre carrego comigo a espada que me fora presenteada por um sheik , sua caravana havia sido atacada por mercenários quando cruzavam o Saara. Eu estava seguindo o bando, eles carregavam consigo um artefato que era importante, a espada do rei escorpião forjada na coragem dos emirados nômades de Kasar e pertencente a oitava casa da qual sou a guardiã. A espada reluziu em minhas mãos como da primeira vez que a toquei assim como a tiara de escorpion. Ouvi passos vindo em nossa direção, não eram passos comuns pois pude sentir o oculto de forma intensa. Toquei o chão com a ponta dos dedos... Pelos guardiões! É a primeira casa, não pode ser!Espere um pouco... esse decanato não é o dela, Ariane assim como eu faz parte do primeiro decanato e essa vibração é mais intensa e negra mas mesmo assim esse oculto é da casa de Áries. Antes que eu pudesse concluir e organizar as vibrações para descobrir quem estava se aproximando fui golpeada pelo grandalhão, isso serviu somente para me deixar irritada.
- Hora de acabar com isso docinho. -Guardei minha espada pois não seria necessário gastar meu tempo com brincadeiras, eu teria que ser rápida no momento. Com agilidade retirei a barra de suas mãos e antes mesmo que ele soubesse o que estava lhe atingindo o prendi contra a parede.- Hora de um beijinho de boa noite- toquei seus lábios com os meus, seu corpo ficou rígido e caiu no chão sem vida.
- Que pena esqueci de te dizer que o beijo do escorpião é puro veneno...